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sábado, 4 de abril de 2015

Estudo Bíblico sobre o Arrebatamento. 1ºParte.

Introdução.

Quando se fala em arrebatamento e grande tribulação, muitas são as dúvidas acerca desses dois importantes eventos escatológicos. Isso ocorre devido as diferentes interpretações que podem causar confusão até para o experiente leitor.

Muitas dessas passagens são de difícil interpretação, e ao longo dos séculos estudiosos tiveram diferentes visões, tendo alguns deles afirmado que seria impossível fazer afirmações exatas, mas somente teorias sobre o que diz o texto bíblico. Isso ocorre devido à dificuldade acerca do texto e do forte significado alegórico. Este texto é uma tentativa de expor essas diferentes interpretações acerca desses dois eventos, afim de elucidar as principais dúvidas.

Não irei aqui expor um estudo minucioso e detalhado sobre o arrebatamento e a grande tribulação, esse texto é um simples estudo para ajudar o leitor leigo a tirar suas dúvidas e esclarecer alguns pontos obscuros acerca dos eventos. Embora sucinto, o leitor irá ter um conteúdo baseado em estudos teológicos sérios e reconhecidos, não sendo fruto de especulações sem embasamento bíblico.


Oramos a Deus que esse estudo possa lhe ajudar a entender a palavra de Deus, e a estar melhor preparado para o futuro que está para acontecer. Que o leitor possa buscar em Deus o entendimento da sua palavra e pedir a ele sabedoria para entender e compreender as verdades bíblicas. 

Recomendamos que toda leitura bíblica seja feita em oração, pedindo sempre a Deus que ilumine a nossa mente para aprendermos mais da sua palavra.

O arrebatamento.

Quando se fala em arrebatamento são três as principais correntes doutrinárias que tratam a respeito desse evento, são elas: Os pré-tribulacionistas, os meso-tribulacionistas e os pós-tribulacionistas. 
Nas próximas linhas serão expostas as principais bases de interpretação dessas três correntes. Mas ressaltamos ao amado leitor que a nossa linha teológica segue a doutrina pré-tribulacionista, pois cremos que a Igreja de Cristo será recolhida aos céus antes do advento da grande tribulação, estando durante o período da tribulação nas bodas com o cordeiro.

Os pré-tribulacionistas.

Essa é a visão mais aceita entre as denominações evangélicas, trata-se da interpretação do arrebatamento antes da grande tribulação, visando salvar o povo escolhido de Deus do dia da ira. O Arrebatamento pré-tribulacionista se baseia no cumprimento da 70ª. semana de Daniel, quando o anticristo fará um acordo de paz com Israel, imediatamente iniciando o período de sete anos de Tribulação. Nós a igreja de Cristo hoje vivemos nesse hiato de tempo entre a 69ª e 70ª semana, como descrito no livro do profeta Daniel. Antes do início do período da 70ª semana, a Igreja de Jesus Cristo é ressuscitada e arrebatada com todos os seus santos vivos e levada à casa do Pai (João 14:1-3), julgada e recompensada por suas boas obras (2 Coríntios 5:10). Após os sete anos de Tribulação, Jesus Cristo retorna em seu Aparecimento Glorioso e destrói o anticristo e o falso profeta, prende Satanás por mil anos (Apocalipse 20:3) e estabelece o governo milenar.

Segundo a posição desta doutrina a palavra de Deus nos diz claramente em Mateus 3:7, Lucas 3:7 e 1 Tessalonicenses 1:10 que os cristãos são salvos da "ira futura" (um dos termos usados para denominar a Tribulação). A Palavra também nos diz em Apocalipse 3:10, Romanos 5:9, 1 Tessalonicenses 1:10 e 5:9 que os cristãos serão protegidos da "hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra". Essa tentação ainda não aconteceu, mesmo sabendo que atualmente o mundo viva sob uma opressão como nunca antes houve na história da humanidade. A igreja ainda está aqui na terra, orando e guerreando. A tentação referida nos versículos acima se refere a uma opressão ainda mais intensa, que só ocorrerá depois que a Igreja for retirada da terra, por ocasião do Arrebatamento. A posição pré-Tribulacionista do Arrebatamento é a única que distingue claramente a Igreja de Israel. A Igreja aparece até Apocalipse 4:3, depois o livro de Apocalipse mostra o foco principal durante a Tribulação, que é Israel. Somente em Apocalipse 18:24 vemos a Igreja retornando (após os sete anos de Tribulação) Outro fator importante é que a posição pré-tribulacionista aceita a ideia das dispensações bíblicas. A igreja e Israel são dois grupos distintos para os quais Deus tem um plano divino. A igreja é um mistério não revelado no Antigo Testamento. Essa era de mistério presente insere-se no plano de Deus para com Israel por causa da rejeição ao Messias na sua primeira vinda. Esse plano de mistério deve ser completado antes que Deus possa retomar seu plano com Israel e completá-lo. Tais considerações surgem do método literal de interpretação[i].

Apenas a posição pré-tribulacionista preserva o poder motivador do retorno iminente de Cristo, que era o grande desafio da Igreja primitiva. Em Atos 1:11, 1 Coríntios 15:52-52, , entre outras passagens, os apóstolos ensinaram que Cristo poderia retornar a qualquer momento. Sem tal expectativa, a Igreja perde o foco espiritual e tem a tendência de se tornar morta

O ponto de vista pré-tribulacionista mantém a certeza da Palavra de que os cristãos serão guardados da Tribulação, não tendo que passar pelos horrores indizíveis da tribulação que há de vir sobre o mundo, pois segundo essa concepção, a tribulação é o dia da ira do Senhor, não um meio pelo qual a igreja será purificada, pois ela já foi lavada no sangue do cordeiro. Ef 5:27.

Agora vejamos as bases bíblicas que sustentam a visão pré-tribulacionista.

·         A septuagésima semana de Daniel.

A septuagésima semana de Daniel é um período de ira divina, não sendo reservado para a igreja. Quando analisado as palavras do Antigo e Novo testamento, podemos entender o caráter desse período:

1) ira (Ap 6.16,17; 11.18; 14.19; 15.1,7; 16.1,19; l Ts 1.9,10; 5.9; Sf 1.15,18);
2) julgamento (AP 14.7; 15.4; 16.5-7; 19.2);
3) indignação (Is 26.20,21; 34.1-3);
4) castigo (Is 24.20,21);
5) hora do julgamento (Ap 3.10);
6) hora de angústia (Jr 30.7);
7) destruição (Jl 1.15);
8) trevas (Jl 2.2; Sf 1.14-18; Am 5.18).

Lembrando que esses versículos se referem a totalidade da semana, não somente a metade dela para o fim, ou seja, toda a tribulação, até mesmo os três anos e meio de enganosa paz, são dias da ira do Senhor.

Essa semana de Daniel, é o período do derramar da ira do Senhor, onde ele fará beber o cálice da sua ira. Em Apocalipse 3.10; Isaías 34.2; 24.1,4,5,16,17,18-21 e muitas outras passagens esclarecem isso muito bem. Mesmo sendo de âmbito mundial, esse período é particularmente dirigido a Israel. Jeremias 30.7, que chama esse período "tempo de angústia de Jacó", confirma isso. Os acontecimentos da septuagésima semana são acontecimentos do "dia do SENHOR" ou "dia de Jeová". O uso do nome da divindade realça o relacionamento peculiar de Deus com aquela nação. Quando esse período está sendo profetizado em Daniel 9, Deus diz ao profeta: "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade" (v. 24). Todo esse período faz, então, referência ao povo de Daniel, Israel, e à cidade santa de Daniel, Jerusalém. Visto que muitas passagens do Novo Testamento como Efésios 3.1-6 e Colossenses 1.25- 27 mostram claramente que a igreja é um mistério e sua natureza como um corpo composto por judeus e gentios não foi manifestada no Antigo Testamento, a igreja não poderia estar nessa e em nenhuma outra profecia do Antigo Testamento. Já que a igreja não teve sua existência senão depois da morte e ressurreição de Cristo (Ef 5.25,26, Rm 4.25; Cl 3.1- 3), e sua ascensão (Ef 1.19,20) e posteriormente da descida do Espírito Santo em Pentecostes, com o início de todos os Seus ministérios a favor do crente (At 2), não poderia constar das primeiras 69 semanas dessa profecia. Já que a igreja não faz parte das primeiras 69 semanas, que estão relacionadas apenas ao plano de Deus para com Israel, ela não pode fazer parte da septuagésima semana, que está, mais uma vez, relacionada ao plano de Deus para Israel, depois que o mistério do plano de Deus para a igreja for concluído[ii].

·         A doutrina da Iminência.

A nação de Israel quando estiver no período da grande tribulação, não saberá o dia nem a hora exata da volta do Senhor Jesus, contudo, terá os sinais que precederão a sua volta para livrar Israel. Esses sinais foram dados a Israel, não a Igreja, pois a Igreja tem a ordem de viver aguardando a iminente volta do senhor Jesus a qualquer momento, sem nenhum sinal específico para isso, pois todos os sinais já s cumpriram. (Jo 14.2,3; At 1.11; 1 Co 15.51,52; Fp 3.20; Cl 3.4; l Ts 1.10; l Tm 6.14; Tg 5.8; II Pe 3.3.10). Passagens como 1 Tessalonicenses 5.6, Tito 2.13 e Apocalipse 3.3 alertam o crente a aguardar o próprio Senhor, não aguardar sinais que antecederiam Seu retorno. É verdade que os acontecimentos da septuagésima semana lançarão um prenúncio antes do arrebatamento, mas a atenção do crente deve ser sempre dirigida para Cristo, nunca aos presságios.

·         A detentor do Anti Cristo.

Os cristãos em Tessalônica temiam que o arrebatamento já tivesse acontecido e eles estivessem vivendo o dia do Senhor, isso porque a igreja sofria terrível perseguição, que vemos expressas no primeiro capítulo de II Tessalonicenses.  Paulo então escreve aos irmãos que tal coisa era impossível. Primeiro, ele mostra no v. 3 que o dia do Senhor não aconteceria até que houvesse uma partida. Não importa se essa partida seria um afastamento da fé ou uma partida dos santos da terra, como já mencionado no v. 1. Segundo, ele revela que haveria a manifestação do homem de pecado, ou o iníquo, descrito com mais detalhes em Apocalipse 13. O argumento de Paulo no v. 7 é que, apesar de o mistério de iniquidade já estar em vigor em seus dias, quer dizer, o sistema sem lei que culminaria na pessoa do iníquo já estava manifesto, este iníquo, no entanto, não se manifestaria até que o Detentor fosse afastado. Em outras palavras, Alguém impede o propósito de Satanás de culminar e Ele continuará a realizar seu ministério até ser afastado (v. 7,8). Explicações a respeito da pessoa do Detentor como governo humano, lei, igreja visível não são suficientes, pois esses todos continuarão em certa medida após a manifestação do iníquo. Embora esse seja um problema essencialmente exegético, parece que o Único que conseguiria exercer tal ministério de detenção seria o Espírito Santo. Contudo, a indicação aqui é que, enquanto o Espírito Santo estiver habitando na igreja, que é o Seu templo, esse trabalho de detenção continuará e o homem de pecado não poderá ser revelado. 

Apenas quando a igreja, o templo, for retirada, o ministério de detenção cessará e a iniqüidade produzirá o iníquo. Devemos notar que o Espírito Santo não cessará seu ministério após a retirada da igreja, nem deixará de ser onipresente com esse afastamento, mas Seu ministério restringidor cessará. Dessa maneira, o ministério do Detentor, que continuará enquanto Seu templo estiver na terra e que precisa cessar antes que o iníquo seja revelado, requer o arrebatamento pré- tribulacionalista da igreja, pois Daniel 9.27 revela que esse iníquo será manifesto no começo da septuagésima semana.

·         Distinção entre o arrebatamento e a segunda vinda.

Embora mais possa ser dito acerca dessa doutrina, iremos expor aqui somente mais um tópico, pois cremos ser o suficiente para que o leitor entenda as bases dessa interpretação.
É importante observar que a doutrina pré-tribulacionista faz várias contraposições entre o arrebatamento e a segunda vinda. Essa doutrina não vê como um só evento, mas como dois eventos distintos, a saber:

1)      A translação compreende a retirada dos crentes, enquanto o segundo advento requer o aparecimento e a manifestação do Filho.

2)      Na translação os santos são levados nos ares, enquanto na segunda vinda Cristo volta à terra.

3)      Na translação Cristo vem buscar Sua noiva, enquanto na segunda vinda Ele retorna com a noiva.

4)      A translação resulta na retirada da igreja e na instauração da tribulação, enquanto a segunda vinda resulta no estabelecimento do reino milenar.

5)      A translação é iminente, enquanto a segunda vinda é precedida por uma multidão de sinais.

6)      A translação traz uma mensagem de conforto, enquanto a segunda vinda é acompanhada por uma mensagem de julgamento.

7)      A translação está relacionada ao plano para a igreja, enquanto a segunda vinda está relacionada ao plano para Israel e para o mundo.

8)      A translação é um mistério, enquanto a segunda vinda é prevista em ambos os testamentos.

9)      Na translação os crentes são julgados, enquanto na segunda vinda os gentios e Israel são julgados.

10)  A translação deixa a criação intacta, enquanto a segunda vinda implica uma mudança na criação.
                                      
Agora que estabelecemos a base para o Período da Tribulação e mostramos como ele se refere a Israel e não à igreja, voltemos nossa atenção para os aspectos lógicos e de bom senso para o arrebatamento antes da Tribulação. Já dissemos que é um ponto irrealista e espiritualmente improdutivo pensar que o Senhor sujeitaria sua amada noiva aos terríveis eventos da Tribulação. E, aproveitando que estamos no assunto da noiva de Cristo, vamos dar uma rápida olhada nos antigos costumes hebraicos de noivado e casamento.

Uma vez que os pais concordassem com o casamento de seus filhos e o noivado formal fosse declarado (o noivado naquele tempo tinha o mesmo vínculo de indissolubilidade que o casamento), o noivo então iria providenciar uma casa para viver com a noiva. Isso, freqüentemente levava até dois anos para ser concluído. Enquanto esperava, a noiva permanecia na casa de seu pai, mas vivia em uma "expectativa do retorno do noivo a qualquer momento". Suas malas ficavam prontas, por assim dizer, pois ela ansiava com expectativa pelo dia em que seu pretendido voltaria para ela. 

Então, quando o noivo finalmente ficava preparado para receber sua noiva, um alegre grupo de celebrantes, juntamente com os "amigos do noivo" - os paraninfos, ou padrinhos, na terminologia atual - vinham à casa da noiva à meia-noite, e um amigo do noivo gritava "Aí vem o noivo!" A noiva, logicamente, devia acordar e abrir a porta para os celebrantes. Nesse ponto, ele acompanhava o grupo festivo até a casa do pai do noivo, onde a cerimônia de casamento ocorria - e depois disso, o casal se mudava para sua nova casa, para uma lua-de-mel que normalmente durava sete dias.

Embora a doutrina não se restrinja a isso, tendo uma envergadura teológica mais ampla, consideramos que estes pontos são o suficiente para que o leitor conheça a doutrina pré-tribulacionista e seus principais aspectos. Agora veremos as principais bases para o meso-tribulacionistas.

continua...

[i] Módulo IV, Escatologia. Faculdade de Teologia e Ciências. p.77
[ii] Módulo IV, Escatologia. Faculdade de Teologia e Ciências. p.79.

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