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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Estudo Bíblico sobre o Arrebatamento 3ª Parte.

Principais dúvidas acerca do Arrebatamento.

Agora já cientes de quais são as principais doutrinas acerca do arrebatamento vamos esclarecer algumas dúvidas acerca desse arrebatamento. O leitor já deverá estar familiarizado que estamos adotando neste estudo a doutrina pré-tribulacionista, pois para nós, é a que está mais de acordo com as verdades bíblicas.

Então, tomando a doutrina pré-tribulacionista, podemos fazer a seguinte pergunta: Segundo essa visão bíblica, quando de fato Jesus Cristo irá voltar? Há algum sinal que antecederá a volta do Senhor? Vejamos.

Quando lemos Mateus 24, Jesus faz algumas considerações sobre o tempo do fim. Mas temos que ter ciência que naquela passagem Jesus está fazendo uma dupla referência, pois ali a verdades destinadas a Igreja e para o povo de Israel. Há referências ali para o fim dos tempos e outras referências que foram aplicadas a destruição da cidade de Jerusalém e a posterior dispersão da nação de Israel no ano 70 d.C[1]

Quando os discípulos interrogam a Jesus acerca de quando iria acontecer aqueles eventos, Jesus os adverte que eles não se preocupassem demasiadamente acerca dos eventos futuros, pois muita coisa ainda aconteceria antes do fim e umas das principais coisas que aconteceria antes do fim seria a pregação do evangelho do Reino em todo o mundo, em testemunho de todas as gentes, e então viria o fim. (v.14)

Essa tem sido uma questão muito controversa e que merece uma consideração de nossa parte. O arrebatamento acontecerá somente que todo o mundo atual tiver ouvido falar de Jesus? Somente todas as pessoas do mundo souberem quem foi Jesus é que então ocorrerá o fim?

Há duas linhas teológicas que defendem cada uma a sua posição sendo uma discordante da outra. A primeira é que esse versículo já teria se cumprido no tempo dos apóstolos e a outra, que ele ainda está para se cumprir, mas, o seu cumprimento pode se dar a qualquer momento. Então vejamos o que defende cada posição.

O evangelho já foi pregado a todo o mundo nos tempos dos apóstolos.


Essa teoria defende que o evangelho já nos tempos dos apóstolos, já teriam alcançado todo o mundo conhecido. Em Mateus 24:14 diz ‘E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim’.

Em grego, o texto está assim:

kai khrucqhsetai touto to euaggelion thV basileiaV en olh th oikoumenh eiV marturion pasin toiV eqnesin kai tote hxei to teloV.

A transliteração é:

kai kêruchthêsetai touto to euaggelion tês basileias en olê tê oikoumenê eis marturion pasin tois ethnesin kai tote êxei to telos

Traduzido ao pé da letra:

E será proclamado este evangelho do reino em todo o mundo habitado para testemunho a todas as nações então virá o fim.

Baseados nesse versículo podemos entender:

Onde será pregado o evangelho?

En (en) todo (olê) o (tê) mundo (oikoumene). Mundo: O significado desta palavra é: “terra, i.e., o (parte do terreno) globo, especialmente, o império Romano: planeta Terra, mundo.

Para quem será pregado o evangelho?

Pasin (a todas) tois (as) ethnesin (nações) – Nações: Provavelmente de ethos, etnia, uma raça, i.e., uma tribo, especialmente estrangeira (no caso, não Judeus) um (usualmente, por implicação, pagão): Gentil, nação, povo.

Pois bem, então percebemos que uma boa tradução nos deixaria claro: “será proclamado o evangelho do reino a todo o mundo da atual globalização, para testemunho de todos os países e subdivisões étnicas, então virá o fim”.

Portanto, o verso não diz que o evangelho deverá ser explícita e esgotadamente pregado para todas as pessoas, mas sim, para todos os POVOS, como bem traduzem as versões modernas. Note também que este não é o único sinal da volta de Cristo. Há uma série de eventos a acontecer. A soma deles é que trará o clímax para a volta de Jesus. Razão esta uma das quais levou Jesus a declarar que ninguém sabe quando será este advento.

Isto fica evidenciado pelo que aconteceu “trinta anos depois que Cristo pronunciou estas palavras. Paulo afirmou que o evangelho havia sido pregado a todo o mundo (Col. 1: 23; cf. Rom. 1: 8; 10: 18; Col. 1: 5-6), confirmando assim o cumprimento literal desta predição em seus dias. Todavia a declaração de Paulo era verdade somente em um sentido limitado”.

Outro ponto lógico que evidência a direção destas palavras como sendo a povos e não indivíduos, é o fato de que, antes que o evangelho chegue a determinada nação, tantos milhares ali morrem sem conhecê-lo.

Você pode estar se perguntando: “mas isto é justo?”. Sabemos que Deus quer salvar a todos (II Pedro 3:9) esta é a razão pela qual quer levar o evangelho a todo o mundo. Mas, neste processo, muitos morrem antes que a plenitude da verdade bíblica lhe chegue aos ouvidos. Acontece que seremos julgados, individualmente falando, apenas pela luz que tivemos oportunidade de receber (Mateus 16 27, Lucas 12 47 e 48, Eclesiastes 12:13 e 14).

Assim cremos que caso ainda exista algum povo que não tenha conhecido acerca do Senhor Jesus, hoje em dia com a internet, a televisão e tantos outros meios de comunicação, tem feito o trabalho de espalhar a uma velocidade espantosa a informação, levando hoje notícias aos mais remotos cantos do globo, deixando claro que é quase impossível que se ainda exista algum povo que não conhece a mensagem do Reino, isso ocorrerá a qualquer momento.

Dentro de quarenta anos depois da morte de Cristo, a “voz” do Evangelho tinha chegado aos confins do mundo (Rm 10.18). O apóstolo Paulo pregou integralmente o Evangelho “desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico” ; e os outros apóstolos não foram ociosos; a perseguição dos santos em Jerusalém ajudou a dispersá-los, de modo que eles foram a todos os lugares, anunciando o Evangelho (At 8.1-4). E quando as notícias do Redentor alcançassem todas as partes do mundo, então o fim da nação judaica ocorreria. Assim, aquilo que eles pensavam evitar, condenando Jesus à morte, foi precisamente o que procuraram.


continua...

[1] Comentário Bíblico Beacon, CPAD, p.162.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Estudo Bíblico sobre o Arrebatamento 2ª parte

Meso-tribulacionistas

O Arrebatamento meso-Tribulacionista é parecido ao pré-Tribulacionista, porém assume que o Arrebatamento ocorrerá no meio da Tribulação, tomando como base Mateus 24:15,21 e Apocalipse 11:12. Neste ponto de vista, a Igreja passaria pela ira e a perseguição do anticristo na primeira metade da Tribulação. A posição meso-tribulacionista usa a profecia das duas testemunhas em Apocalipse 11 para apontar que o Arrebatamento ocorreria no meio da Tribulação:

Apocalipse 11:12 "E [as duas testemunhas] ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram."

Porém, a posição meso-Tribulacionista tenta se justificar usando os seguintes argumentos:

·    O termo "Subi para aqui" de Apocalipse 11 seria o momento do Arrebatamento da Igreja, mas nesse versículo fica claro que quem sobe são somente as duas testemunhas, e não a Igreja como um todo

·      Apocalipse 12:14 estaria em seqüência cronológica a Apocalipse 11 quando diz "um tempo, tempo e metade de um tempo" (42 meses = 3,5 anos) e seria a justificativa de que após o Arrebatamento haveriam somente mais 3,5 anos de Tribulação. Tal conclusão é incorreta porque a Igreja já não é mencionada entre Apocalipse 4 e 18 (o Arrebatamento já ocorreu). Apocalipse 12, marca o meio da Tribulação, mas já sem a Igreja nesse cenário

A posição meso-Tribulacionista não é considerada biblicamente correta pois nega vários versículos bíblicos que garantem que Deus guardará a Igreja da Sua Ira durante a Tribulação. Clique aqui para saber quais são estes versículos. Outro fator importante é que a Bíblia jamais afirma em lugar nenhum que o anticristo deveria vir primeiro para que o Arrebatamento acontecesse. Portanto, a posição meso-Tribulacionista para o Arrebatamento não é a mais correta de ser aceita

Os pós-tribulacionistas.

A doutrina que veremos agora é acerca do arrebatamento da Igreja no fim da tribulação, segundo essa doutrina, a igreja continuará na terra até a segunda vinda, no final desta presente era, e será levada às nuvens para encontrar o Senhor que veio pelos ares, vindo do céu no segundo advento, para retornar imediatamente com Ele.

O conceito do pós-Tribulacionismo se apoia na identificação incorreta da Igreja como sendo os santos da Tribulação, sendo que os santos da Tribulação se referem aos convertidos após o Arrebatamento, quando não há mais Igreja sobre a terra. Ou seja, para a posição pós-Tribulacionista, a Igreja passaria por todo o período de Tribulação, mas em seu final seria arrebatada, com a segunda Vinda de Cristo. Não existe nenhuma passagem bíblica que justifique este argumento e por isso, esta posição tem sido frequentemente refutada. Mas vamos verificar onde se apoia as principais bases de sustentação dessa doutrina. 

O pós-tribulacionismo precisa basear-se numa negação do dispensacionalismo e de todas as distinções dispensacionalistas. Só assim pode colocar a igreja naquele período que é particularmente chamado "tempo de angústia para Jacó" (Jr 30.7). 
Consequentemente, a posição pós-tribulacionista repousa na negação das distinções entre Israel e a igreja.

A posição precisa repousar na negação do ensinamento bíblico concernente à natureza e ao propósito do período tribulacional. Embora as Escrituras usem termos como ira, julgamento, indignação, provações, problemas e destruição para descrevê-lo, e declarem que o propósito divino nesse período é derramar o julgamento sobre o pecado, os defensores dessa posição têm de negar esse ensinamento essencial da Palavra.

O pós-tribulacionista precisa negar todas as distinções observadas nas Escrituras entre o arrebatamento e o segundo advento, fazendo dos dois um e o mesmo acontecimento.   O pós-tribulacionista precisa negar a doutrina da iminência, que diz que o Senhor pode voltar a qualquer momento, substituindo-a pelo ensinamento de que vários sinais devem ser cumpridos antes que o Senhor possa vir.

O pós-tribulacionista nega qualquer cumprimento futuro da profecia em Daniel 9.24-27, alegando para ela um cumprimento histórico.

O pós-tribulacionista precisa aplicar à igreja grandes passagens das Escrituras que esboçam o plano de Deus para Israel (Mt 13; Mt 24 e 25; Ap 4-19), a fim de manter suas concepções. Observamos, assim, que a posição apoia-se essencialmente num sistema de negação das interpretações sustentadas pelos pré-tribulacionistas, e não numa exposição verificável das Escrituras.

·         O argumento contra a iminência.

Um dos maiores argumentos dos pós-tribulacionistas é contra a iminência, ou seja, o retorne inesperado do senhor Jesus. É evidente que, se a crença no iminente retorno de Cristo for doutrina bíblica, então a igreja deve ser arrebatada antes do desdobramento dos sinais do período tribulacional. 

O partidário dessa posição desconsidera todas as exortações bíblicas à igreja para aguardar o aparecimento de Cristo e insiste em que devemos buscar sinais. Sua posição repousa no argumento de que os anúncios de acontecimentos como a destruição de Jerusalém, a morte de Pedro, o aprisionamento de Paulo e o plano anunciado para os séculos vindouros, como encontrado em Mateus 28.19,20, junto com o curso esboçado desta era e o desenvolvimento da apostasia, tornam impossível um retorno iminente; por conseguinte o Senhor não poderia vir até que se dessem esses acontecimentos. Tais argumentos não levam em conta que os mesmos homens que receberam tais anúncios acreditavam que o curso natural da história poderia ser interrompido pela translação dos crentes para fora da esfera e sustentavam o conceito do retorno iminente de Cristo.

·         A promessa da tribulação.

O outro grande argumento dos pós-tribulacionistas baseia-se na promessa de tribulação dada à igreja[i]. Passagens como Lucas 23.27-31, Mateus 24.9-11 e Marcos 13.9-13, que são dirigidas a Israel e lhe prometem tribulação, são usadas para provar que a igreja passará pelo período de tribulação. Além disso, trechos como João 15.18,19 e João 16.1,2,33, que são dirigidos à igreja, também são usados. Seu argumento é que, à luz de tais promessas específicas, é impossível dizer que a igreja será arrebatada antes do período tribulacional. Seu argumento é fundamentado pela citação de perseguições presentes em Atos, das quais a igreja foi vítima (At 8.1-3; 11.19; 14.22; Rm 12.12) como cumprimento parcial daqueles alertas.

1.      Em resposta a esse argumento, é necessário notar, primeiramente, que as Escrituras estão repletas de promessas de que Israel passará por um tempo de purificação que o preparará como nação para o milênio seguinte ao advento do Messias. Contudo, como Israel deve ser distinguido da igreja na economia de Deus, as passagens que prometem tribulação para Israel não podem ser usadas para ensinar que a igreja passará pelo período tribulacional. Israel e a igreja são duas entidades distintas no plano de Deus e assim devem ser consideradas.

2.   Além disso, devemos notar que o termo tribulação é usado de maneiras diferentes nas Escrituras. E usado em sentido não-técnico e não-escatológico referindo-se a qualquer período de sofrimento ou provação pelo qual alguém passa. Assim aparece em Mateus 13.21; Marcos 4.17; João 16.33; Romanos 5.3; 12.12; 2Coríntios 1.4; 2Tessalonicenses 1.4; Apocalipse 1.9. É usado no seu sentido técnico ou escatológico em referência a todo o período de sete anos da tribulação, como em Apocalipse 2.22 ou Mateus 24.29. É assim usado em referência à última metade desse período de sete anos, como em Mateus 24.21. Quando a palavra tribulação é usada em referência à igreja, como em João 16.33, aparece em sentido não-técnico, na qual a igreja é vista como uma oposição duradoura ao deus deste século, mas não ensina que a igreja passará rigorosamente pelo período conhecido como tribulação. De outra maneira, alguém teria de ensinar que a tribulação já existe há mil e novecentos anos.

Visto que os pós-tribulacionistas insistem em que a igreja, além de ter promessas de tribulação, está experimentando essa tribulação, assim como a igreja através dos tempos, eles devem dar àquele período caráter diferente do encontrado nas Escrituras. Já vimos que a caracterização daquele período, de acordo com as Escrituras, é descrito por palavras como ira, julgamento, indignação, provação, problema e destruição. Essa caracterização essencial precisa ser negada pelo seguidor dessa posição.




[i] Cf. George ROSE, Tribulation till translation, p. 67-77.

sábado, 4 de abril de 2015

Estudo Bíblico sobre o Arrebatamento. 1ºParte.

Introdução.

Quando se fala em arrebatamento e grande tribulação, muitas são as dúvidas acerca desses dois importantes eventos escatológicos. Isso ocorre devido as diferentes interpretações que podem causar confusão até para o experiente leitor.

Muitas dessas passagens são de difícil interpretação, e ao longo dos séculos estudiosos tiveram diferentes visões, tendo alguns deles afirmado que seria impossível fazer afirmações exatas, mas somente teorias sobre o que diz o texto bíblico. Isso ocorre devido à dificuldade acerca do texto e do forte significado alegórico. Este texto é uma tentativa de expor essas diferentes interpretações acerca desses dois eventos, afim de elucidar as principais dúvidas.

Não irei aqui expor um estudo minucioso e detalhado sobre o arrebatamento e a grande tribulação, esse texto é um simples estudo para ajudar o leitor leigo a tirar suas dúvidas e esclarecer alguns pontos obscuros acerca dos eventos. Embora sucinto, o leitor irá ter um conteúdo baseado em estudos teológicos sérios e reconhecidos, não sendo fruto de especulações sem embasamento bíblico.


Oramos a Deus que esse estudo possa lhe ajudar a entender a palavra de Deus, e a estar melhor preparado para o futuro que está para acontecer. Que o leitor possa buscar em Deus o entendimento da sua palavra e pedir a ele sabedoria para entender e compreender as verdades bíblicas. 

Recomendamos que toda leitura bíblica seja feita em oração, pedindo sempre a Deus que ilumine a nossa mente para aprendermos mais da sua palavra.

O arrebatamento.

Quando se fala em arrebatamento são três as principais correntes doutrinárias que tratam a respeito desse evento, são elas: Os pré-tribulacionistas, os meso-tribulacionistas e os pós-tribulacionistas. 
Nas próximas linhas serão expostas as principais bases de interpretação dessas três correntes. Mas ressaltamos ao amado leitor que a nossa linha teológica segue a doutrina pré-tribulacionista, pois cremos que a Igreja de Cristo será recolhida aos céus antes do advento da grande tribulação, estando durante o período da tribulação nas bodas com o cordeiro.

Os pré-tribulacionistas.

Essa é a visão mais aceita entre as denominações evangélicas, trata-se da interpretação do arrebatamento antes da grande tribulação, visando salvar o povo escolhido de Deus do dia da ira. O Arrebatamento pré-tribulacionista se baseia no cumprimento da 70ª. semana de Daniel, quando o anticristo fará um acordo de paz com Israel, imediatamente iniciando o período de sete anos de Tribulação. Nós a igreja de Cristo hoje vivemos nesse hiato de tempo entre a 69ª e 70ª semana, como descrito no livro do profeta Daniel. Antes do início do período da 70ª semana, a Igreja de Jesus Cristo é ressuscitada e arrebatada com todos os seus santos vivos e levada à casa do Pai (João 14:1-3), julgada e recompensada por suas boas obras (2 Coríntios 5:10). Após os sete anos de Tribulação, Jesus Cristo retorna em seu Aparecimento Glorioso e destrói o anticristo e o falso profeta, prende Satanás por mil anos (Apocalipse 20:3) e estabelece o governo milenar.

Segundo a posição desta doutrina a palavra de Deus nos diz claramente em Mateus 3:7, Lucas 3:7 e 1 Tessalonicenses 1:10 que os cristãos são salvos da "ira futura" (um dos termos usados para denominar a Tribulação). A Palavra também nos diz em Apocalipse 3:10, Romanos 5:9, 1 Tessalonicenses 1:10 e 5:9 que os cristãos serão protegidos da "hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra". Essa tentação ainda não aconteceu, mesmo sabendo que atualmente o mundo viva sob uma opressão como nunca antes houve na história da humanidade. A igreja ainda está aqui na terra, orando e guerreando. A tentação referida nos versículos acima se refere a uma opressão ainda mais intensa, que só ocorrerá depois que a Igreja for retirada da terra, por ocasião do Arrebatamento. A posição pré-Tribulacionista do Arrebatamento é a única que distingue claramente a Igreja de Israel. A Igreja aparece até Apocalipse 4:3, depois o livro de Apocalipse mostra o foco principal durante a Tribulação, que é Israel. Somente em Apocalipse 18:24 vemos a Igreja retornando (após os sete anos de Tribulação) Outro fator importante é que a posição pré-tribulacionista aceita a ideia das dispensações bíblicas. A igreja e Israel são dois grupos distintos para os quais Deus tem um plano divino. A igreja é um mistério não revelado no Antigo Testamento. Essa era de mistério presente insere-se no plano de Deus para com Israel por causa da rejeição ao Messias na sua primeira vinda. Esse plano de mistério deve ser completado antes que Deus possa retomar seu plano com Israel e completá-lo. Tais considerações surgem do método literal de interpretação[i].

Apenas a posição pré-tribulacionista preserva o poder motivador do retorno iminente de Cristo, que era o grande desafio da Igreja primitiva. Em Atos 1:11, 1 Coríntios 15:52-52, , entre outras passagens, os apóstolos ensinaram que Cristo poderia retornar a qualquer momento. Sem tal expectativa, a Igreja perde o foco espiritual e tem a tendência de se tornar morta

O ponto de vista pré-tribulacionista mantém a certeza da Palavra de que os cristãos serão guardados da Tribulação, não tendo que passar pelos horrores indizíveis da tribulação que há de vir sobre o mundo, pois segundo essa concepção, a tribulação é o dia da ira do Senhor, não um meio pelo qual a igreja será purificada, pois ela já foi lavada no sangue do cordeiro. Ef 5:27.

Agora vejamos as bases bíblicas que sustentam a visão pré-tribulacionista.

·         A septuagésima semana de Daniel.

A septuagésima semana de Daniel é um período de ira divina, não sendo reservado para a igreja. Quando analisado as palavras do Antigo e Novo testamento, podemos entender o caráter desse período:

1) ira (Ap 6.16,17; 11.18; 14.19; 15.1,7; 16.1,19; l Ts 1.9,10; 5.9; Sf 1.15,18);
2) julgamento (AP 14.7; 15.4; 16.5-7; 19.2);
3) indignação (Is 26.20,21; 34.1-3);
4) castigo (Is 24.20,21);
5) hora do julgamento (Ap 3.10);
6) hora de angústia (Jr 30.7);
7) destruição (Jl 1.15);
8) trevas (Jl 2.2; Sf 1.14-18; Am 5.18).

Lembrando que esses versículos se referem a totalidade da semana, não somente a metade dela para o fim, ou seja, toda a tribulação, até mesmo os três anos e meio de enganosa paz, são dias da ira do Senhor.

Essa semana de Daniel, é o período do derramar da ira do Senhor, onde ele fará beber o cálice da sua ira. Em Apocalipse 3.10; Isaías 34.2; 24.1,4,5,16,17,18-21 e muitas outras passagens esclarecem isso muito bem. Mesmo sendo de âmbito mundial, esse período é particularmente dirigido a Israel. Jeremias 30.7, que chama esse período "tempo de angústia de Jacó", confirma isso. Os acontecimentos da septuagésima semana são acontecimentos do "dia do SENHOR" ou "dia de Jeová". O uso do nome da divindade realça o relacionamento peculiar de Deus com aquela nação. Quando esse período está sendo profetizado em Daniel 9, Deus diz ao profeta: "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade" (v. 24). Todo esse período faz, então, referência ao povo de Daniel, Israel, e à cidade santa de Daniel, Jerusalém. Visto que muitas passagens do Novo Testamento como Efésios 3.1-6 e Colossenses 1.25- 27 mostram claramente que a igreja é um mistério e sua natureza como um corpo composto por judeus e gentios não foi manifestada no Antigo Testamento, a igreja não poderia estar nessa e em nenhuma outra profecia do Antigo Testamento. Já que a igreja não teve sua existência senão depois da morte e ressurreição de Cristo (Ef 5.25,26, Rm 4.25; Cl 3.1- 3), e sua ascensão (Ef 1.19,20) e posteriormente da descida do Espírito Santo em Pentecostes, com o início de todos os Seus ministérios a favor do crente (At 2), não poderia constar das primeiras 69 semanas dessa profecia. Já que a igreja não faz parte das primeiras 69 semanas, que estão relacionadas apenas ao plano de Deus para com Israel, ela não pode fazer parte da septuagésima semana, que está, mais uma vez, relacionada ao plano de Deus para Israel, depois que o mistério do plano de Deus para a igreja for concluído[ii].

·         A doutrina da Iminência.

A nação de Israel quando estiver no período da grande tribulação, não saberá o dia nem a hora exata da volta do Senhor Jesus, contudo, terá os sinais que precederão a sua volta para livrar Israel. Esses sinais foram dados a Israel, não a Igreja, pois a Igreja tem a ordem de viver aguardando a iminente volta do senhor Jesus a qualquer momento, sem nenhum sinal específico para isso, pois todos os sinais já s cumpriram. (Jo 14.2,3; At 1.11; 1 Co 15.51,52; Fp 3.20; Cl 3.4; l Ts 1.10; l Tm 6.14; Tg 5.8; II Pe 3.3.10). Passagens como 1 Tessalonicenses 5.6, Tito 2.13 e Apocalipse 3.3 alertam o crente a aguardar o próprio Senhor, não aguardar sinais que antecederiam Seu retorno. É verdade que os acontecimentos da septuagésima semana lançarão um prenúncio antes do arrebatamento, mas a atenção do crente deve ser sempre dirigida para Cristo, nunca aos presságios.

·         A detentor do Anti Cristo.

Os cristãos em Tessalônica temiam que o arrebatamento já tivesse acontecido e eles estivessem vivendo o dia do Senhor, isso porque a igreja sofria terrível perseguição, que vemos expressas no primeiro capítulo de II Tessalonicenses.  Paulo então escreve aos irmãos que tal coisa era impossível. Primeiro, ele mostra no v. 3 que o dia do Senhor não aconteceria até que houvesse uma partida. Não importa se essa partida seria um afastamento da fé ou uma partida dos santos da terra, como já mencionado no v. 1. Segundo, ele revela que haveria a manifestação do homem de pecado, ou o iníquo, descrito com mais detalhes em Apocalipse 13. O argumento de Paulo no v. 7 é que, apesar de o mistério de iniquidade já estar em vigor em seus dias, quer dizer, o sistema sem lei que culminaria na pessoa do iníquo já estava manifesto, este iníquo, no entanto, não se manifestaria até que o Detentor fosse afastado. Em outras palavras, Alguém impede o propósito de Satanás de culminar e Ele continuará a realizar seu ministério até ser afastado (v. 7,8). Explicações a respeito da pessoa do Detentor como governo humano, lei, igreja visível não são suficientes, pois esses todos continuarão em certa medida após a manifestação do iníquo. Embora esse seja um problema essencialmente exegético, parece que o Único que conseguiria exercer tal ministério de detenção seria o Espírito Santo. Contudo, a indicação aqui é que, enquanto o Espírito Santo estiver habitando na igreja, que é o Seu templo, esse trabalho de detenção continuará e o homem de pecado não poderá ser revelado. 

Apenas quando a igreja, o templo, for retirada, o ministério de detenção cessará e a iniqüidade produzirá o iníquo. Devemos notar que o Espírito Santo não cessará seu ministério após a retirada da igreja, nem deixará de ser onipresente com esse afastamento, mas Seu ministério restringidor cessará. Dessa maneira, o ministério do Detentor, que continuará enquanto Seu templo estiver na terra e que precisa cessar antes que o iníquo seja revelado, requer o arrebatamento pré- tribulacionalista da igreja, pois Daniel 9.27 revela que esse iníquo será manifesto no começo da septuagésima semana.

·         Distinção entre o arrebatamento e a segunda vinda.

Embora mais possa ser dito acerca dessa doutrina, iremos expor aqui somente mais um tópico, pois cremos ser o suficiente para que o leitor entenda as bases dessa interpretação.
É importante observar que a doutrina pré-tribulacionista faz várias contraposições entre o arrebatamento e a segunda vinda. Essa doutrina não vê como um só evento, mas como dois eventos distintos, a saber:

1)      A translação compreende a retirada dos crentes, enquanto o segundo advento requer o aparecimento e a manifestação do Filho.

2)      Na translação os santos são levados nos ares, enquanto na segunda vinda Cristo volta à terra.

3)      Na translação Cristo vem buscar Sua noiva, enquanto na segunda vinda Ele retorna com a noiva.

4)      A translação resulta na retirada da igreja e na instauração da tribulação, enquanto a segunda vinda resulta no estabelecimento do reino milenar.

5)      A translação é iminente, enquanto a segunda vinda é precedida por uma multidão de sinais.

6)      A translação traz uma mensagem de conforto, enquanto a segunda vinda é acompanhada por uma mensagem de julgamento.

7)      A translação está relacionada ao plano para a igreja, enquanto a segunda vinda está relacionada ao plano para Israel e para o mundo.

8)      A translação é um mistério, enquanto a segunda vinda é prevista em ambos os testamentos.

9)      Na translação os crentes são julgados, enquanto na segunda vinda os gentios e Israel são julgados.

10)  A translação deixa a criação intacta, enquanto a segunda vinda implica uma mudança na criação.
                                      
Agora que estabelecemos a base para o Período da Tribulação e mostramos como ele se refere a Israel e não à igreja, voltemos nossa atenção para os aspectos lógicos e de bom senso para o arrebatamento antes da Tribulação. Já dissemos que é um ponto irrealista e espiritualmente improdutivo pensar que o Senhor sujeitaria sua amada noiva aos terríveis eventos da Tribulação. E, aproveitando que estamos no assunto da noiva de Cristo, vamos dar uma rápida olhada nos antigos costumes hebraicos de noivado e casamento.

Uma vez que os pais concordassem com o casamento de seus filhos e o noivado formal fosse declarado (o noivado naquele tempo tinha o mesmo vínculo de indissolubilidade que o casamento), o noivo então iria providenciar uma casa para viver com a noiva. Isso, freqüentemente levava até dois anos para ser concluído. Enquanto esperava, a noiva permanecia na casa de seu pai, mas vivia em uma "expectativa do retorno do noivo a qualquer momento". Suas malas ficavam prontas, por assim dizer, pois ela ansiava com expectativa pelo dia em que seu pretendido voltaria para ela. 

Então, quando o noivo finalmente ficava preparado para receber sua noiva, um alegre grupo de celebrantes, juntamente com os "amigos do noivo" - os paraninfos, ou padrinhos, na terminologia atual - vinham à casa da noiva à meia-noite, e um amigo do noivo gritava "Aí vem o noivo!" A noiva, logicamente, devia acordar e abrir a porta para os celebrantes. Nesse ponto, ele acompanhava o grupo festivo até a casa do pai do noivo, onde a cerimônia de casamento ocorria - e depois disso, o casal se mudava para sua nova casa, para uma lua-de-mel que normalmente durava sete dias.

Embora a doutrina não se restrinja a isso, tendo uma envergadura teológica mais ampla, consideramos que estes pontos são o suficiente para que o leitor conheça a doutrina pré-tribulacionista e seus principais aspectos. Agora veremos as principais bases para o meso-tribulacionistas.

continua...

[i] Módulo IV, Escatologia. Faculdade de Teologia e Ciências. p.77
[ii] Módulo IV, Escatologia. Faculdade de Teologia e Ciências. p.79.

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