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quarta-feira, 19 de julho de 2023

Livro: Jesus está na casa. Primeiro Capítulo (prévia)

 

Capítulo 01. Jesus na casa de Pedro Mt 8.14-17; Mc 1.29-31; Lc 4.38-41.

Jesus conheceu Pedro nas margens do mar da Galiléia, na cidade de Cafarnaum Mc 1.14 a 20; Mt 4.18-22; Lc 5.1 a 11, cidade distante apenas 9 quilômetros de Betsaida, cidade natal de Pedro Jo 1.44. Cafarnaum era uma importante cidade pesqueira, é provável que a mudança de Pedro para lá se deu por razões econômicas, sendo Cafarnaum mais propícia para o desenvolvimento de seu ofício. O fato é que Pedro morava em Cafarnaum, tinha seu negócio nesta cidade e nela estava estabelecido com sua família. Ali está boa parte de sua história, e quando ele tem um encontro com o Mestre, ele decide ouvir o chamado do Nazareno. Contudo, seguir a Jesus, não o liberava das responsabilidades familiares, ninguém a pretexto de seguir a Jesus pode descuidar da sua família I Tm 3.1-5

Os evangelhos apresentam esse encontro com Jesus de maneiras distintas, resumidamente vejamos.

Os evangelhos de Marcos e Mateus apresentam um relato similar e sendo o mais provável na ordem de acontecimentos. Pois após a chamada dos primeiros discípulos, Jesus entra na cidade de Cafarnaum, e como era dia de sábado, Ele vai para a sinagoga, seguindo um costume judeu da época. 

É nesta sinagoga que os discípulos podem observar a autoridade de Jesus sobre os espíritos imundos, e todos ficam admirados como Jesus ordenava e os espíritos imundos obedeciam Mc 1.23-27. Chegam a perguntar que nova forma (doutrina) é essa de expulsar demônios, pois devemos entender que o ritual de exorcismo judaico consistia em invocar nome de anjos, como Rafael, Miguel, ou o nome de grandes vultos, como Abraão, Isaque, Jacó, etc., além do nome do Deus Altíssimo. Havia também a invocação do nome do próprio Satanás em algumas práticas exorcistas judaicas. Usando o nome de Asmodeus, quando se tratava de expulsar demônios de pouca força, como se através do poder do chefe dos demônios se pudesse convencê-los a obedecerem aos exorcistas. Essas fórmulas de expulsão de demônios eram atribuídas ao poder de Deus se porventura obtivesse êxito, embora nomes diabólicos fossem usados no fraseado real do exorcismo. Um dos exemplos desse tipo de exorcismo temos na seguinte transcrição: 

“Pela autoridade do glorioso e temível nome, eu te conjuro, Asmodeus, rei dos demônios, e todo o seu séquito... que não façais dano, nem imponhais temor, nem perturbeis a fulano, filho de sicrano; mas antes, que o ajudeis e sustenteis (ou o livreis) de toda angústia e perturbação, bem como de toda a maldade e enfermidade que entram nos duzentos e quarenta e oito membros...”

Por isso, não é de se estranhar que acusassem Jesus de expulsar demônios pelo príncipe dos demônios, pois em algumas situações eram utilizado esse artifício para a expulsão de espíritos malignos. Mas Jesus expulsa os demônios sem invocar nenhuma outra autoridade superior, nenhum anjo ou patriarca, Ele simplesmente manda que os espíritos malignos saiam e eles saem, sem a necessidade de nenhuma fórmula mágica, nem encantamento, nem imprecação de maldição ou invocação de uma autoridade, o Senhor Jesus era a autoridade suprema, por isso Ele tinha autoridade para expulsar demônios.

O que surpreende esses homens então não é os espíritos malignos serem expulsos, mas a forma que o eram. É após esse episódio na sinagoga, que imediatamente Jesus vai com seus discípulos a casa de Simão Pedro, possivelmente o foram para fazer a refeição do dia.

Já ouvi algumas pessoas dizendo que Jesus teria posses e o fato de ele ter se mudado de Nazaré para a cidade de Cafarnaum, sendo nesta cidade a base do seu ministério, é uma demonstração dessa riqueza. Por ser uma cidade marítima a beira do lago de Genezaré, um dos nomes para o mar da Galileia, justificam que Jesus tinha casa à beira do “mar”, demonstrando ele ter uma alta condição financeira, o que seria também justificado pela sua túnica sem costura que fora sorteada pelos soldados por ocasião da sua morte, uma vestimenta exclusiva de quem possuía riquezas na época. Mas isso não passa de uma avaliação totalmente descabida. Primeiro porque ser pescador naquela época não era sinônimo de prosperidade financeira, nem estavam dentro da camada de homens ricos da sociedade. A cidade de Cafarnaum era uma cidade pesqueira, sendo ali a sua maior atividade econômica. É provável que esta casa de Pedro, foi a casa onde Jesus descansava de suas viagens, e é bem provável que Jesus não tinha uma casa sua, mas ficava hospedado na casa de seus discípulos. Ou no máximo, quando sua família se mudou de Nazaré, tenha fixado residência em Cafarnaum, mas de forma alguma devemos pensar que a família de Jesus era abastada. Embora alguns defendam que o fato de José ser carpinteiro, era muito mais do que trabalhar com madeira, mas ele seria um construtor e devido a essa profissão teria recursos, o que não encontra respaldo nos evangelhos.

Dois frades franciscanos, Estanislau Loffreda e Vergílio Corbo, que também eram arqueólogos, removeram cuidadosamente o entulho de vinte séculos, em Cafarnaum. Com as descobertas arqueológicas naquele sítio, eles conseguiram calcular que Cafarnaum, nos dias de Jesus, contava com cerca de mil habitantes, divididos em famílias, abrigadas em residências modestas. Muitas dessas residências era passada de geração após geração, tendo em sua maioria as casas apenas um único aposento. Não é de estranhar pois, que os evangelhos nos digam que a sogra de Pedro e o irmão deste, André, viviam com ele e sua esposa, na mesma residência. A pobreza forçava esse tipo de arranjo.

As casas no tempo de Jesus eram bem diferentes da dos séculos posteriores. Não havia as divisões modernas de quarto, sala, cozinha e banheiro, isto era para casa de pessoas extremamente ricas e nem todas tinham essas atuais divisões. A casa de Pedro, onde sua sogra estava, era uma casa de um homem simples, igual a diversas outras casas do povo pobre da Galiléia. 

Jesus estava inserido entre os pobres e para eles pregava, pois Ele mesmo manda avisar a João Batista, “que aos pobres é anunciado o evangelho” Mt 6.05. Jesus embora fosse o próprio Deus, Ele nunca usurpou ser igual a Deus, mas antes fora o mais humilde dos homens Fp 2.5-8. Na sua simplicidade, Jesus vai a uma casa modesta de um homem modesto, um simples pescador. 

Quando Jesus foi a casa de Maria e Marta, esta última reclama com Jesus de Maria, por ela não a ajudar a servir. É bem provável Marta contar com alguns empregados, pois veremos em outra ocasião que a família de Marta, ao contrário da de Pedro, possuíam algumas posses, sendo plausível ela ter empregados a disposição. Mas aqui na casa de Pedro não era o caso, ele sendo pobre de uma família pobre, não dispunha de empregados para ajudar a sua esposa. Embora possamos imaginar que a comitiva era pequena (Jesus ainda não tinha os doze apóstolos), mesmo assim, em uma casa pequena e com convidados, a mulher teria trabalho em preparar uma refeição para aqueles homens. 

Isto porque o evento na sinagoga acabava perto da hora do que chamamos de almoço hoje, então receber Jesus em casa junto com alguns discípulos (André, João, Natanael, Tiago, Filipe, além do próprio Pedro) seria um evento que demandaria muito trabalho. Além de preparar uma refeição para esses homens, aquela mulher não podia descuidar de sua mãe enferma, era um olho na cozinha e outro na cama, imagina quanto trabalho para uma mulher só fazer! E isso só uma mulher é capaz de fazer, pois o homem parece não conseguir realizar múltiplas tarefas, o que uma mulher consegue fazer com destreza, por isso em Provérbios 31 podemos observar que a mulher virtuosa consegue desempenhar tantos papéis e ser louvada por isso. 

Mas de fato, este parece não ser um bom momento para receber Jesus. Contudo, nas horas mais inoportunas, nos locais mais improváveis, é que Jesus parece ser especialista em agir, para Ele não há hora ruim, todo o momento é um momento propício para Ele chegar, basta abrirmos as portas para Ele entrar, independente da situação em que estejamos.

Esse é um dos problemas mais comuns (de)das pessoas que querem receber Jesus em sua vida, elas querem primeiro dar um jeito em sua casa para poder então receber Jesus. Pessoas que até querem ter Jesus em seus lares, mas primeiro querem que essa chegada seja em um ambiente ideal, para que Jesus possa se sentir bem (e) confortável. Em geral nós não somos assim? Quantas vezes agimos exatamente dessa forma, pois para recebermos alguém que estimamos, arrumamos a casa, preparamos algo especial para refeição e queremos que a visita se sinta confortável e bem satisfeita. Muitos querem fazer assim na sua vida também, pois querem receber Jesus somente quando tudo em sua casa estiver em ordem.

Vou ser mais claro e objetivo para que você consiga entender meu ponto de vista, tenho certeza de que muitos leitores destas páginas irão entender o que escrevo. Não é nada inédito essa ideia, na verdade é bem simples e verás que expressa bem o que quero dizer.

Vamos dizer que você ainda não tenha Jesus em sua vida, não o recebeu em sua casa, não o aceitou como seu Senhor e Salvador. Talvez um dos motivos seja que você não se sente pronto para receber Jesus, em sua vida ainda há áreas que você primeiro quer arrumar. Talvez seja um vício que esteja tentando largar, ou uma prática nociva que você sabe que deve ser deixada. Um adultério que deve ser largado, amizades que devem ser deixadas, ou um ganho ilícito que você não quer deixar nesse momento, tudo isso pode ser impedimento para receber Jesus, pois você acredita que enquanto não resolver essas pendências não pode se tornar um cristão, ou seja, um seguidor de Cristo. Sabe que Ele está a porta e bate, mas não deixa ele entrar porque sua vida está uma bagunça.

Preste atenção no que vou lhe dizer, Jesus não se restringe a morar onde a casa esteja pronta e arrumada, Ele se muda para aquela que está em obras, até mesmo quebrada precisando de reformas, de limpeza ou até uma demolição para reconstrução I Jo 3.8.

Não espere que sua casa esteja pronta e adequada para receber Jesus, pois qual casa estaria pronta para receber o Rei da Glória?

Jesus sempre está disposto a ir em nossa casa, por menor que ela possa ser, ou por mais que esteja bagunçada. Ele não poderá te ajudar a arrumar se não estiver do lado de dentro. E não importa o estado, Ele sempre está disposto a nos ajudar a pôr as coisas em ordem, pois somente com o Espírito Santo habitando em nós e que somos transformados de glória em glória a semelhança de Cristo II Co 3.18 Esperar ter a vida ideal para receber a Jesus é um dos maiores erros que podemos cometer, pois sem Jesus, nós nada podemos fazer Jo 15.5, além do que: “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” II Co 5.17. ou seja, a nova criação surge quando a pessoa está em comunhão com Cristo, não antes de recebê-lo.

Talvez não fosse o melhor momento para receber a Jesus em sua casa, na verdade creio que nas maiores dificuldades é quando devemos ter Jesus em casa. Naquele momento a mulher de Pedro estava sobrecarregada, pois sua mãe estava doente, provavelmente somente ela em casa para preparar uma recepção para cerca de no mínimo cinco homens. E Jesus como é perfeito, sabia que não podia ter um Pedro do seu lado com sua casa precisando dele, era necessário dar a Pedro a tranquilidade de seguir o mestre. Não poderia Jesus pedir a Pedro que o seguisse e deixasse sua sogra doente em casa. Antes de seguir a Jesus, Pedro deveria cuidar da família, por isso a melhor coisa naquele momento de dificuldade era ter Jesus em sua casa!

Quão valiosa lição podemos extrair dessa situação, não podemos a pretexto de seguir a Cristo deixar nosso lar em segundo plano. Jesus sempre estará acima de todas as coisas, mas fazer a sua obra, nunca exigirá que descuidemos de nossa família.

Há muitos que seguem a Jesus, ou dizem segui-lo, mas descuidam-se da sua família, seja homem ou mulher, a família é o seu primeiro ministério, nenhum sucesso ministerial eclesiástico, financeiro ou pessoal, justifica o descuido familiar. 

Pedro antes de seguir a Jesus, não o poderia fazer sem antes deixar a sua casa em ordem, e isso incluiria o bem-estar de sua família. 

(continua)...

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