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quarta-feira, 19 de julho de 2023

Livro: Jesus está na casa. Primeiro Capítulo (prévia)

 

Capítulo 01. Jesus na casa de Pedro Mt 8.14-17; Mc 1.29-31; Lc 4.38-41.

Jesus conheceu Pedro nas margens do mar da Galiléia, na cidade de Cafarnaum Mc 1.14 a 20; Mt 4.18-22; Lc 5.1 a 11, cidade distante apenas 9 quilômetros de Betsaida, cidade natal de Pedro Jo 1.44. Cafarnaum era uma importante cidade pesqueira, é provável que a mudança de Pedro para lá se deu por razões econômicas, sendo Cafarnaum mais propícia para o desenvolvimento de seu ofício. O fato é que Pedro morava em Cafarnaum, tinha seu negócio nesta cidade e nela estava estabelecido com sua família. Ali está boa parte de sua história, e quando ele tem um encontro com o Mestre, ele decide ouvir o chamado do Nazareno. Contudo, seguir a Jesus, não o liberava das responsabilidades familiares, ninguém a pretexto de seguir a Jesus pode descuidar da sua família I Tm 3.1-5

Os evangelhos apresentam esse encontro com Jesus de maneiras distintas, resumidamente vejamos.

Os evangelhos de Marcos e Mateus apresentam um relato similar e sendo o mais provável na ordem de acontecimentos. Pois após a chamada dos primeiros discípulos, Jesus entra na cidade de Cafarnaum, e como era dia de sábado, Ele vai para a sinagoga, seguindo um costume judeu da época. 

É nesta sinagoga que os discípulos podem observar a autoridade de Jesus sobre os espíritos imundos, e todos ficam admirados como Jesus ordenava e os espíritos imundos obedeciam Mc 1.23-27. Chegam a perguntar que nova forma (doutrina) é essa de expulsar demônios, pois devemos entender que o ritual de exorcismo judaico consistia em invocar nome de anjos, como Rafael, Miguel, ou o nome de grandes vultos, como Abraão, Isaque, Jacó, etc., além do nome do Deus Altíssimo. Havia também a invocação do nome do próprio Satanás em algumas práticas exorcistas judaicas. Usando o nome de Asmodeus, quando se tratava de expulsar demônios de pouca força, como se através do poder do chefe dos demônios se pudesse convencê-los a obedecerem aos exorcistas. Essas fórmulas de expulsão de demônios eram atribuídas ao poder de Deus se porventura obtivesse êxito, embora nomes diabólicos fossem usados no fraseado real do exorcismo. Um dos exemplos desse tipo de exorcismo temos na seguinte transcrição: 

“Pela autoridade do glorioso e temível nome, eu te conjuro, Asmodeus, rei dos demônios, e todo o seu séquito... que não façais dano, nem imponhais temor, nem perturbeis a fulano, filho de sicrano; mas antes, que o ajudeis e sustenteis (ou o livreis) de toda angústia e perturbação, bem como de toda a maldade e enfermidade que entram nos duzentos e quarenta e oito membros...”

Por isso, não é de se estranhar que acusassem Jesus de expulsar demônios pelo príncipe dos demônios, pois em algumas situações eram utilizado esse artifício para a expulsão de espíritos malignos. Mas Jesus expulsa os demônios sem invocar nenhuma outra autoridade superior, nenhum anjo ou patriarca, Ele simplesmente manda que os espíritos malignos saiam e eles saem, sem a necessidade de nenhuma fórmula mágica, nem encantamento, nem imprecação de maldição ou invocação de uma autoridade, o Senhor Jesus era a autoridade suprema, por isso Ele tinha autoridade para expulsar demônios.

O que surpreende esses homens então não é os espíritos malignos serem expulsos, mas a forma que o eram. É após esse episódio na sinagoga, que imediatamente Jesus vai com seus discípulos a casa de Simão Pedro, possivelmente o foram para fazer a refeição do dia.

Já ouvi algumas pessoas dizendo que Jesus teria posses e o fato de ele ter se mudado de Nazaré para a cidade de Cafarnaum, sendo nesta cidade a base do seu ministério, é uma demonstração dessa riqueza. Por ser uma cidade marítima a beira do lago de Genezaré, um dos nomes para o mar da Galileia, justificam que Jesus tinha casa à beira do “mar”, demonstrando ele ter uma alta condição financeira, o que seria também justificado pela sua túnica sem costura que fora sorteada pelos soldados por ocasião da sua morte, uma vestimenta exclusiva de quem possuía riquezas na época. Mas isso não passa de uma avaliação totalmente descabida. Primeiro porque ser pescador naquela época não era sinônimo de prosperidade financeira, nem estavam dentro da camada de homens ricos da sociedade. A cidade de Cafarnaum era uma cidade pesqueira, sendo ali a sua maior atividade econômica. É provável que esta casa de Pedro, foi a casa onde Jesus descansava de suas viagens, e é bem provável que Jesus não tinha uma casa sua, mas ficava hospedado na casa de seus discípulos. Ou no máximo, quando sua família se mudou de Nazaré, tenha fixado residência em Cafarnaum, mas de forma alguma devemos pensar que a família de Jesus era abastada. Embora alguns defendam que o fato de José ser carpinteiro, era muito mais do que trabalhar com madeira, mas ele seria um construtor e devido a essa profissão teria recursos, o que não encontra respaldo nos evangelhos.

Dois frades franciscanos, Estanislau Loffreda e Vergílio Corbo, que também eram arqueólogos, removeram cuidadosamente o entulho de vinte séculos, em Cafarnaum. Com as descobertas arqueológicas naquele sítio, eles conseguiram calcular que Cafarnaum, nos dias de Jesus, contava com cerca de mil habitantes, divididos em famílias, abrigadas em residências modestas. Muitas dessas residências era passada de geração após geração, tendo em sua maioria as casas apenas um único aposento. Não é de estranhar pois, que os evangelhos nos digam que a sogra de Pedro e o irmão deste, André, viviam com ele e sua esposa, na mesma residência. A pobreza forçava esse tipo de arranjo.

As casas no tempo de Jesus eram bem diferentes da dos séculos posteriores. Não havia as divisões modernas de quarto, sala, cozinha e banheiro, isto era para casa de pessoas extremamente ricas e nem todas tinham essas atuais divisões. A casa de Pedro, onde sua sogra estava, era uma casa de um homem simples, igual a diversas outras casas do povo pobre da Galiléia. 

Jesus estava inserido entre os pobres e para eles pregava, pois Ele mesmo manda avisar a João Batista, “que aos pobres é anunciado o evangelho” Mt 6.05. Jesus embora fosse o próprio Deus, Ele nunca usurpou ser igual a Deus, mas antes fora o mais humilde dos homens Fp 2.5-8. Na sua simplicidade, Jesus vai a uma casa modesta de um homem modesto, um simples pescador. 

Quando Jesus foi a casa de Maria e Marta, esta última reclama com Jesus de Maria, por ela não a ajudar a servir. É bem provável Marta contar com alguns empregados, pois veremos em outra ocasião que a família de Marta, ao contrário da de Pedro, possuíam algumas posses, sendo plausível ela ter empregados a disposição. Mas aqui na casa de Pedro não era o caso, ele sendo pobre de uma família pobre, não dispunha de empregados para ajudar a sua esposa. Embora possamos imaginar que a comitiva era pequena (Jesus ainda não tinha os doze apóstolos), mesmo assim, em uma casa pequena e com convidados, a mulher teria trabalho em preparar uma refeição para aqueles homens. 

Isto porque o evento na sinagoga acabava perto da hora do que chamamos de almoço hoje, então receber Jesus em casa junto com alguns discípulos (André, João, Natanael, Tiago, Filipe, além do próprio Pedro) seria um evento que demandaria muito trabalho. Além de preparar uma refeição para esses homens, aquela mulher não podia descuidar de sua mãe enferma, era um olho na cozinha e outro na cama, imagina quanto trabalho para uma mulher só fazer! E isso só uma mulher é capaz de fazer, pois o homem parece não conseguir realizar múltiplas tarefas, o que uma mulher consegue fazer com destreza, por isso em Provérbios 31 podemos observar que a mulher virtuosa consegue desempenhar tantos papéis e ser louvada por isso. 

Mas de fato, este parece não ser um bom momento para receber Jesus. Contudo, nas horas mais inoportunas, nos locais mais improváveis, é que Jesus parece ser especialista em agir, para Ele não há hora ruim, todo o momento é um momento propício para Ele chegar, basta abrirmos as portas para Ele entrar, independente da situação em que estejamos.

Esse é um dos problemas mais comuns (de)das pessoas que querem receber Jesus em sua vida, elas querem primeiro dar um jeito em sua casa para poder então receber Jesus. Pessoas que até querem ter Jesus em seus lares, mas primeiro querem que essa chegada seja em um ambiente ideal, para que Jesus possa se sentir bem (e) confortável. Em geral nós não somos assim? Quantas vezes agimos exatamente dessa forma, pois para recebermos alguém que estimamos, arrumamos a casa, preparamos algo especial para refeição e queremos que a visita se sinta confortável e bem satisfeita. Muitos querem fazer assim na sua vida também, pois querem receber Jesus somente quando tudo em sua casa estiver em ordem.

Vou ser mais claro e objetivo para que você consiga entender meu ponto de vista, tenho certeza de que muitos leitores destas páginas irão entender o que escrevo. Não é nada inédito essa ideia, na verdade é bem simples e verás que expressa bem o que quero dizer.

Vamos dizer que você ainda não tenha Jesus em sua vida, não o recebeu em sua casa, não o aceitou como seu Senhor e Salvador. Talvez um dos motivos seja que você não se sente pronto para receber Jesus, em sua vida ainda há áreas que você primeiro quer arrumar. Talvez seja um vício que esteja tentando largar, ou uma prática nociva que você sabe que deve ser deixada. Um adultério que deve ser largado, amizades que devem ser deixadas, ou um ganho ilícito que você não quer deixar nesse momento, tudo isso pode ser impedimento para receber Jesus, pois você acredita que enquanto não resolver essas pendências não pode se tornar um cristão, ou seja, um seguidor de Cristo. Sabe que Ele está a porta e bate, mas não deixa ele entrar porque sua vida está uma bagunça.

Preste atenção no que vou lhe dizer, Jesus não se restringe a morar onde a casa esteja pronta e arrumada, Ele se muda para aquela que está em obras, até mesmo quebrada precisando de reformas, de limpeza ou até uma demolição para reconstrução I Jo 3.8.

Não espere que sua casa esteja pronta e adequada para receber Jesus, pois qual casa estaria pronta para receber o Rei da Glória?

Jesus sempre está disposto a ir em nossa casa, por menor que ela possa ser, ou por mais que esteja bagunçada. Ele não poderá te ajudar a arrumar se não estiver do lado de dentro. E não importa o estado, Ele sempre está disposto a nos ajudar a pôr as coisas em ordem, pois somente com o Espírito Santo habitando em nós e que somos transformados de glória em glória a semelhança de Cristo II Co 3.18 Esperar ter a vida ideal para receber a Jesus é um dos maiores erros que podemos cometer, pois sem Jesus, nós nada podemos fazer Jo 15.5, além do que: “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” II Co 5.17. ou seja, a nova criação surge quando a pessoa está em comunhão com Cristo, não antes de recebê-lo.

Talvez não fosse o melhor momento para receber a Jesus em sua casa, na verdade creio que nas maiores dificuldades é quando devemos ter Jesus em casa. Naquele momento a mulher de Pedro estava sobrecarregada, pois sua mãe estava doente, provavelmente somente ela em casa para preparar uma recepção para cerca de no mínimo cinco homens. E Jesus como é perfeito, sabia que não podia ter um Pedro do seu lado com sua casa precisando dele, era necessário dar a Pedro a tranquilidade de seguir o mestre. Não poderia Jesus pedir a Pedro que o seguisse e deixasse sua sogra doente em casa. Antes de seguir a Jesus, Pedro deveria cuidar da família, por isso a melhor coisa naquele momento de dificuldade era ter Jesus em sua casa!

Quão valiosa lição podemos extrair dessa situação, não podemos a pretexto de seguir a Cristo deixar nosso lar em segundo plano. Jesus sempre estará acima de todas as coisas, mas fazer a sua obra, nunca exigirá que descuidemos de nossa família.

Há muitos que seguem a Jesus, ou dizem segui-lo, mas descuidam-se da sua família, seja homem ou mulher, a família é o seu primeiro ministério, nenhum sucesso ministerial eclesiástico, financeiro ou pessoal, justifica o descuido familiar. 

Pedro antes de seguir a Jesus, não o poderia fazer sem antes deixar a sua casa em ordem, e isso incluiria o bem-estar de sua família. 

(continua)...

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Capítulo 02. Não chores: O recomeço da história da viúva de Naim.

Lucas 7:11-17

Uma mulher, casada mãe de um filho, segue feliz com sua família, com seu marido que trabalha e ensina seu filho um ofício. Tem casa, comida, e apesar das dificuldades ela não tem do que reclamar, vive com dureza, dificuldade, mas tem ao seu lado seu esposo e seu filho, seu único filho, sendo esse a alegria do lar.

A vida segue difícil em Naim, o jugo da servidão pesa sobre os ombros, os romanos agem de forma arbitrária, cobram impostos pesados, mas, ela segue sua vida, seu marido trabalhador se esforça para dar uma vida melhor não só a ela, como ao pequeno filho.
O menino vai crescendo e junto com o pai vai aprendendo a sua profissão. Ele é pequeno é verdade, mas ajuda muito o seu pai nos afazeres. E como a vida é dura, toda ajuda é bem vinda, por isso, mesmo ainda novo, seu filho já está com o pai trabalhando, ajudando no sustento do lar.
E os anos vão se passando, o menino vai crescendo, o pai envelhecendo e ele, aquele que antes era o menino, se torna agora o grande responsável pelo sustento do lar. Sua força, seu vigor que já falta em seu pai, é o sustentáculo da sobrevivência de todos. Ele que outrora era um menino que ela carregava em seus braços, hoje é carregada por ele, pois dele vêm a força que tem garantido nesses tempos difíceis o alimento dentro do lar.
Passa-se mais alguns anos, a saúde do marido já não é mais a mesma, vai se deteriorando a cada dia. O esforço do trabalho pesado vai consumindo sua força, já não é mais o homem forte de antes, agora trabalha devagar, lento, a passos vagarosos em um serviço que exigia força. A força de seu marido se esvai e o filho é o que provê todo o sustento da casa. Seu marido acaba ficando doente, sua saúde cada vez mais debilitada e frágil. Tenta-se de tudo, mas a dificuldade financeira impede de poder buscar uma ajuda melhor. São oferecidos sacrifícios a Deus, busca-se uma cura desesperadamente. O marido melhora durante algum tempo, pensa-se que o pior já passou, mas um dia a doença volta de forma violenta e em pouco tempo ceifa a vida de seu marido, seu companheiro fiel de longa data. Contudo não está só, ela tem seu filho, e ele agora é tudo o que ela possui, seu filho é sua companhia, seu sustento sua única alegria.
A vida continua difícil, agora sem seu marido, seu filho tem que trabalhar ainda mais, se esforçar ainda mais para buscar a provisão para o lar. Ela, viúva, faz o que pode, ajuda como pode, mas sabe que depende totalmente de seu filho, ainda bem que o tem, pois sem ele não saberia como sobreviver.

Mas os dias se passam, e o resultado do esforço do filho começa a aparecer. Seu corpo apresenta alguns sinais de fraqueza. Ele acha que é só cansaço, mas ela vê algo a mais. Atenta começa a perceber que o filho já não tem a mesma força, a mesma disposição. Pede para que ele diminua o ritmo de trabalho, ele diz que não pode, tem que trabalhar para conseguir o sustento, são dias difíceis e se ele não for, colocarão outro no seu lugar, por isso ele precisa continuar. Até que um dia ele tenta, contudo não consegue se erguer. Suas pernas não o obedecem, seus olhos estão turvos, não consegue se levantar, pois lhe falta força. Sua respiração se torna pesada, difícil, comer se torna um sacrifício. Ela ali, na beira da cama tenta ajudar seu filho. Seus parentes tentam ajudar, mas todos muitos pobres como ela pouco podem fazer. Alguns ajudam com o alimento, um pouco daqui, um pouco dali, mas mesmo assim é insuficiente para suprir as necessidades. O filho piora e ela teme pelo pior, teme por ficar só, sem auxílio, sem sustento, sem ajuda, sem companhia e sem alegria.
Ela sente a vida do filho esvair-se, fica a maior parte do tempo ao seu lado. Dá-lhe o auxílio que ele tanto deu trabalhando para o seu sustento. Um jovem ainda, nem pode realizar o sonho de casar-se. Ela nunca verá seus netos, uma família numerosa e abençoada. Agora ali a beira da cama vê o seu único bem perecer, jazendo numa cama esperando ser recolhido pelo criador. E este ela interpela. “Ó Senhor de Israel, nosso Juiz (Salmos 68:5) socorro nosso em tempo de angústia (Sal 46:1) tu és o meu auxílio, o meu ajudador (Sal 54:4; 146:9) tem misericórdia de tua serva, e livra o meu filho da morte”.

Ali, diante do filho moribundo, ela ouve os últimos batimentos de seu coração. A família sabe que a derradeira hora está chegando e não há nada que se possa fazer. O filho ainda jovem, que era o sustento e alegria daquela mulher agora estava caminhando para a eternidade. Aquela viúva, pobre mulher perderia seu sustento, sua alegria, sua descendência, perderia seu último bem. O nome de seu marido sumiria da terra, pois já não havia remidor para ela, e mesmo que houvesse, ela já é de idade avançada não poderia gerar outro filho. Estava entregue agora a benevolência de seus parentes, teria que até mendigar para conseguir o pão. Sozinha, esquecida, desamparada, atormentada ela se sentia. Agora está ali, com o filho agora morto em seus braços, chorava, não havia mais o que fazer, morreu-se a esperança, acabou a história de sua família. Então restava preparar o féretro, embalsamá-lo, chorar a dor de sua perda, uma perda que não teria como ser suprida. Juntamente com outras mulheres da aldeia ela pranteava, era o fim da alegria e o começo do seu sofrimento. 
Corpo preparado, cortejo fúnebre que se segue para fora da cidade onde enterraria seu filho. Uma grande multidão segue o cortejo muitos que ali caminham a conhecem, conheciam seu marido e o seu filho, sabem que sua sorte agora não será a das melhores, pois estava agora sozinha, quem a ajudaria? Uma pobre mulher, que agora na sua velhice teria que enfrentar a dura realidade de viver só.
Na porta da cidade o caixão é levado e a multidão seguindo atrás, até que levantando os olhos se vê outra multidão que vem adentrando na cidade. A frente um homem caminha ladeado por outros doze. Seus passos são suaves e tranquilos, ela o vê ao longe, sua vista embaçada pela velhice e pelo choro não permite que ela enxergue bem. Duas multidões, uma trazendo a tristeza, a dor, o sofrimento e a outra trazendo a paz, a alegria e a esperança. Duas multidões frente a frente. Uma vinha à frente com a morte a outra vinha à frente com a vida, uma a dor e a outra a alegria, o fim e na outra o novo começo. Ali, uma multidão defronte da outra um homem manda que se pare o cortejo. Mas quem é ele? Porque deu ordem para que parassem a minha dor que caminha para o túmulo. Quem é este homem que vem a frente desta multidão e olha agora para o meu filho morto, deixe-me ir em frente e morrer junto com meu filho, deixe que eu enterre a minha esperança o meu sustento a minha alegria, deixe-me morrer!

Mas aquele homem olha para aquele jovem desconhecido com olhar de ternura, pode-se ver seus olhos embaçados pelas lágrimas, elas não descem, ele observa. Então ele me olha. Quanta compaixão, quando ternura, sem dizer nenhuma palavra eu sinto que ele sente a minha dor, que ele sabe e entende o meu sofrimento. Ele me olha e eu sinto em um pequeno momento uma paz, uma tranquilidade. Quem é este homem que está ali, diante de uma multidão olhando para mim com olhar de amor?
Meus olhos embaçados pelas lágrimas que correm pelo meu rosto podem o ver, amparada estou, seguro em braços que me sustentam e ele me olha, nenhuma palavra sai de sua boca. Ele me olha e sinto paz, e ele me diz – Não chores. (Lucas 7:13) Pode parecer loucura dizer para uma mãe que acabou de perder seu filho, seu sustento, sua alegria, seu bem maior que não chore. Pode parecer estranho alguém olhar para você e dizer não chore pela morte de seu filho, mas, eu paro de chorar, porque ele disse para mim não chores. Não com uma palavra vazia sem sentido, eu sinto algo que vem dele que não posso explicar. Não choro, limpo meus olhos, posso então ver melhor. Um homem simples, que não tem pompa, nem apresenta grande glória, nem riqueza, nem status ou poder desta terra, mais ele tem paz, ele tem o olhar que entra no meu ser e muda meu espírito.

Ali parado duas multidões, uma defronte a outra, a dor e a alegria, o choro e o cântico. Diante uma da outra estão, cada um trazendo a sua frente um personagem, que ali lado a lado (ele toca o caixão) ele diz. – “Jovem, a ti te digo: Levanta-te”. (Lucas 7:14)
Minha alegria estava morta, meu sustento havia se ido, esperaria com dor os meus últimos dias, viveria na amargura de espírito o resto da minha vida, lutaria pelo sustento, choraria pela ausência e solidão, mas, ele parou diante de mim e disse, não chores. O que aconteceu? Pode perguntar a você. Eu não sei, nunca entendi como ele pôde isso fazer, mas o que sei é que hoje tenho alegria, tenho sustento, tenho família, meu filho está ao redor de minha mesa, e com ele seus filhos e com sua esposa me assento também. Comemos, damos graças, nos alimentamos e sorrimos meus últimos dias não são de tristeza, sorrio novamente, vivo novamente, isso porque ele um dia parou diante de mim e disse, não chores. O nome dele, Jesus, meu salvador, graças a ele hoje sou feliz, graças a Ele hoje eu não choro mais.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Capítulo 01. A experiência da dor: A mulher Sunamita.

Texto: II Rs 4-8 a 37

Muito já se foi falado e pregado sobre a mulher sunamita. Há canções, ilustrações e tantas outras formas de contar essa história fascinante. Uma mulher, de coração nobre, que se move dentro de si em ajudar o homem de Deus. Constrói um quartinho para que ele pudesse repousar em sua passagem pela cidade, mobília o quarto para ele e oferece sem custo algum. 

Contudo, não quero tratar aqui sobre esse sentimento em querer ajudar ou tampouco sobre seu casamento com um homem de idade avançada, da falta de um herdeiro e da promessa de Eliseu do nascimento de um filho, não quero falar sobre isso. Como eu já destaquei acima, muito já se foi falado, pregado, cantado sobre isso e creio ser do conhecimento de muitos a história. O que eu quero tratar nessas linhas é sobre a sua experiência da perda, da morte de seu filho.
Uma mulher que obtêm algo que talvez nem mais achasse ser possível acontecer que era o nascimento de um filho. Isto porque o que entendemos na bíblia, é que seu marido já era de idade avançada e pressupomos que ela fosse ainda uma jovem mulher. Seu marido era rico,  evidenciado pela posse de terras e servos, e talvez isso explique o porque do casamento de um homem de idade avançada, mas rico, com uma jovem. Não que ela tivesse interesse nisso, mas possivelmente foi um casamento arranjado pelos seus pais, como era o costume antigo.

Mas, embora fosse casada com um homem de idade já avançada, provavelmente dentro si havia um desejo de gerar um filho, de poder ter em seus braços um fruto seu, o que seria considerado uma benção, pois os filhos eram vistos como sinal de benção de Deus. Havia nela um desejo grandioso, assim como todas as mulheres da época de ter seu filho, contudo, esse desejo se desvanecia devido a condição de seu marido, a idade avançada. 

Mas tudo que fizermos para o Senhor ou para um dos seus, sempre terá uma recompensa. A palavra de Deus nos declara em Mateus 10:42 "E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa"
Com isso, aquela mulher ao ajudar o homem de Deus, estava garantindo ali a sua vitória tão almejada, mesmo que ela o tenha ajudado sem esse objetivo. Mas quando fazemos algo para Deus de coração, o próprio Senhor se sente na obrigação de recompensar, isso porque ele é galardoador dos que o buscam, Hebreus 11:06.

Nos conta a palavra de Deus, que depois da criança ter nascido e já ter uma certa idade, ela, a criança, um dia estava no campo com o seu pai, quando lhe ocorreram fortes dores de cabeça. Imediatamente ela foi enviada à sua mãe que cuidou dela, mas seus esforços foram insuficientes e a criança veio a falecer.
É aqui que reside o ponto central da nossa história, pois uma mulher, que já não tinha mais esperança de ter um filho, recebe a promessa que iria gerar um, nasce a criança, cresce, e um dia fatídico essa criança veio a falecer. Duas coisas importantes nesse fato: A primeira era a morte prematura do seu filho, que ainda criança veio a falecer. Uma mãe que agora enfrentaria a dor de ter que enterrar seu filho, seu único filho, e só quem teve a experiência de perder um filho, ou ter um parente próximo que perdeu um filho é que sabe a dor angustiante que é uma mãe ter que enterrar seu próprio filho. Segunda coisa importante, era que com a morte do filho, morreu também a esperança de ter um herdeiro, pois o seu filho que agora estava morto já havia sido gerado na velhice de seu marido, obra de um milagre de Deus, e o seu milagre agora jazia morte na cama. 
Mas o mais surpreendente ainda está por vir. Diante da morte do menino a mãe ocultou isso de seu marido, de seus empregados, colocou o menino no quarto do homem de Deus e se aprontou para ir de encontro ao profeta.
Repare que mesmo com o coração dilacerado pela morte do filho, mesmo sabendo que talvez nunca mais ela teria outro filho, ela simplesmente não fica em casa prostrada, e ela teria todo direito a isso, visto que tinha acabado de perder o seu filho. Ela poderia ter se lamentado, chorado, ir falar com o marido para preparar o enterro, mas ela simplesmente se apronta, pede ao marido uma montaria e vai de encontro ao homem de Deus.

É natural que nós ao enfrentarmos uma situação difícil a primeira coisa que nos ocorre é nos prostrar, parar diante da situação difícil. É normal do ser humano ao se deparar com uma situação dolorosa parar, desistir, e em alguns casos até mesmo voltar atrás. Pois a dor é tão grande o sofrimento tão angustiante, que nos falta forças para nos levantarmos e seguirmos em frente.
Quando se perder alguém importante, um familiar ou uma pessoa próxima, é natural ter o período de luto, onde a pessoa se fecha, sente e sofre a dor. Mas aquela mulher não poderia ficar prostrada, seu filho estava morto e era necessário fazer alguma coisa. E se tinha uma coisa a ser feita, era falar com o homem de Deus, pois se ele havia prometido a criança, e a criança nascera, ele poderia também quem sabe fazer a criança tornar a vida.

O homem de Deus aqui simboliza o próprio Deus, ele é a representação de Deus na terra. Quando estamos diante da dor, do sofrimento o que devemos fazer é ir à Deus. Antes de irmos à alguém, devemos buscar a Deus, Ele e somente Ele poderá entender a nossa dor, somente Ele pode dar o refrigério para o sofrimento da alma. E foi isso que a mulher sunamita foi fazer. Ela foi até o homem de Deus lançar sua mágoa, seu sofrimento, foi até diante do profeta chorar aos seus pés, e não há uma lágrima vertida diante dos pés de Deus que não seja colhida por ele!

Ali diante do homem de Deus ela lançou seu sofrimento, sua dor, sua angústia, ela foi até o homem de Deus desabafar, ela conteve o seu choro quando viu o filho nos próprios braços morrer, ela havia ocultado a sua dor diante de seu marido e diante de todos, ela estava guardando dentro de si uma dor tão grande que ao chegar diante do profeta ela se lança aos pés e chora. Uma mulher que já havia aceitado viver sem um filho, já estava resignada a aceitar uma vida sem uma criança dentro do lar, recebe uma promessa do homem de Deus, que havia lhe dito ela teria uma criança, o que de fato aconteceu, mas ele não havia mencionado que a criança morreria. Qual a dor maior, não ter tido um filho, ou ter tido um filho e vê-lo morrer?

Então ali ela foi lançar sua mágoa, sua angústia, de que como seria melhor não ter tido filho, pois assim ela nunca conheceria a dor de tê-lo e depois perde-lo. "Chegando ela ao monte, à presença do homem de Deus, apegou-se-lhe aos pés. Chegou-se Geazi para a retirar, porém, o homem de Deus lhe disse: Deixa-a, porque a sua alma está em amargura, e o Senhor mo encobriu, e não mo manifestou.
Então disse ela: Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me enganes?" 2 Reis 4:27-28

Uma mulher em amargura, uma alma machucada e um coração ferido, ali agarrada aos pés do homem de Deus ela chora, e lançou sobre ele a culpa da perda do filho. Mas nenhuma promessa de Deus, mesmo que tenha morrido, permanece sem se cumprir. "Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda torne a brotar, e que não cessem os seus renovos. Ainda que envelheça a sua raiz na terra, e morra o seu tronco no pó, contudo ao cheiro das águas brotará, e lançará ramos como uma planta nova". Jó 14:7-9
Ela não havia pedido um filho, estava feliz em poder ajudar o homem de Deus, e essa ajuda fora oferecida sem querer nada em troca. Mas Deus nunca despede de mãos vazias aquele que de coração o serve. A promessa tinha sido feita, tinha sido cumprida, e Ele não a deixaria morrer. Duas coisas a mulher fez corretamente, a primeira foi ajudar o homem de Deus, e a segunda, foi busca-lo quando o problema apareceu. Nada e ninguém poderia ajuda-la naquele momento a não ser aquele quem tinha feito a promessa, nada e ninguém poderia entender a dor da sua alma pela morte de seu filho.
Ela estava machucada, ela sofria por dentro, mas mesmo assim ela se levantou e foi ao homem de Deus. A sua dor, o seu sofrimento não pode te incapacitar de buscar a Deus, pois somente Ele pode solucionar o seu problema, somente Ele pode dar cabo ao seu sofrimento. A mulher sunamita agiu dessa forma, que possa agir em parte como ela também, que nos levantemos, que nos ergamos da nossa dor e sofrimento e sigamos em busca de Deus. E quando durante o caminho alguém perguntar que possamos dizer: vai tudo bem! Isso porque fiel é aquele que fez a promessa.Hebreus 10:23

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Quando morre a esperança.

Introdução:

A história do mundo e de nossas vidas, são marcadas por cenas de dor e sofrimento, é impossível passar uma vida inteira sem por algum momento enfrentar um momento de angústia, de dor e de lágrimas. Por mais que o homem ou a mulher possam ter dinheiro, saúde perfeita, uma família unida e feliz, em algum aspecto da sua vida ele irá enfrentar o sofrimento. A adversidade faz parte da vida. 
Mas o que nos faz continuar é a certeza de que o amanhã é um novo dia e com a esperança renovada seguimos em frente, transpomos mais um obstáculo e assim continuamos a viver. Talvez nunca iremos esquecer as marcas que alguns sofrimentos imprimiram em nossas vidas, mas essas marcas, essas dores passadas não conseguirão nos impedir de viver.
O problema é quando essa dor continua presente, fazendo que a cada dia seja um dia de dor e sofrimento. Com isso nos deparamos com uma situação difícil, que é a continuidade da dor, a continuidade do sofrer, que parece renascer com o novo dia que surge.
O que fazer então diante dessa situação? Como encontrar forças pra continuar? Como encontrar motivos para seguir em frente e viver uma vida nova depois de tanta dor e sofrimento?

Milhares de pessoas tem enfrentado isso dia após dia, dor seguida de dor, lamento seguido de lamento. Uma mãe que perdeu seu filho, e a cada dia da sua vida rememora essa dor angustiante. Um canceroso que vive a base de remédios, lutando contra a morte para obter mais alguns dias de vida. Uma pessoa pobre, que acorda pela manhã e sabe que terá um longo dia em busca de comida e de seu sustento.
Pessoas que perderam a esperança de uma vida melhor, onde o futuro é dor e sofrimento, angústia e solidão. Como mudar esse quadro que parece imutável? Como continuar a crer na felicidade quando se está em meio ao mar na noite escura sendo açoitado pelas ondas do mar vendo angustiosamente a morte se aproximar.

Não quero tratar nestes textos que se seguirão, acerca do sofrimento, da dor, mas quero falar sobre algo que nos faz suplantar a dor e o sofrimento presente e nos ajuda a caminhar. Quero falar sobre esperança!
Pois como diz o ditado: "A esperança é a última que morre". Mas então eu pergunto: E quando morre a esperança, o que fazer?
A vida de muitos servos sinceros de Deus estão assim, um funeral onde jaz no túmulo a esperança, ficam ali diante do féretro lamentando e chorando, pois no túmulo está a única coisa que o fazia seguir em frente, a esperança de mudança, de dias melhores.
Há esperança para quem perde a esperança? É como se perguntasse, há vida para quem acabou de morrer? 
Sim! Ainda há esperança quando a esperança se vai! 
E é sobre isso que estes textos irá se propor a mostrar, que mesmo com a esperança morta, há uma chance da vida mudar.
Se você quer ter a sua vida mudada, transformada e enfim pode seguir em frente, continue comigo. Iremos aprender através da palavra de Deus, que mesmo quando a situação está tão ruim, ainda há uma chance das coisas mudarem, das coisas boas acontecerem. 

Esses textos é justamente para quem perdeu a esperança, e se você perdeu custa nada você ler, e se você ainda possui um pouco de esperança, leia também, pois terá sua esperança renovada.
Embora o ditado diga que a esperança é a última que morre, ou seja, que a esperança também morre, essa, a esperança, de fato só morre quando nós morremos, pois como diz outro ditado: "Enquanto a vida, há esperança". Você ainda está vivo, então ainda há esperança.

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